Por Marcelo M. Rezende
Sempre gostei de Niterói, cidade
que frequento desde 1990.
Belas praias, gente bonita,
natureza exuberante, gastronomia excepcional, a cidade escolhida por Oscar
Niemeyer para a concretização de um conjunto de obras de valor inestimável e
que fazem dela um local mais que especial por este diferencial!
Em outubro de 2010, por conta de
meu trabalho e por ter chegado ao fim meu período em Guapimirim, tornei-me
morador da cidade que tanto admirava pelos atributos supracitados, alugando uma
casa em Santa Rosa. Entretanto, uma coisa é ser um outsider eventual, outra é morar em um determinado local integrando-se
em seu dia-a-dia, descobrindo o modus
vivendi de sua gente, os hábitos, o pensamento,
as coisas boas e ruins...
Do ranking de 4º lugar do IDH no
Brasil (Índice de desenvolvimento humano) conseguido nos anos 90, hoje, temos
uma cidade com gravíssimos problemas de mobilidade urbana e infraestrutura fruto
da inexistência de politicas publicas no tocante a grandes obras de
acessibilidade e viárias que solucionassem este problema. Aliás, o mesmo gestor
que “revolucionou” a cidade – José Roberto Silveira – sendo prefeito por 16
anos (quatro mandatos não consecutivos) foi o responsável pela destruição de
tudo ou quase tudo o que ele mesmo construiu...
Difícil imaginar o que se passa
na cabeça de um gestor público que consegue tamanha proeza, mas não me aterei a
comentários, pois temos de ter um olhar no futuro...
Niterói tem em comum com o Rio, a
topografia com os “mares de morro” e, portanto, graves problemas com captação e
canalização das águas da chuva; minha rua no bucólico bairro de Santa Rosa vira
um rio em dias de chuva! Aliás, este bairro lembra-me o Grajaú no Rio, com
muitas arvores, casas antigas, algumas centenárias e que estão sendo derrubadas
pela especulação imobiliária. A velocidade que se constroem espigões em Santa
Rosa é inacreditável e a verticalização da cidade é um problema não observado
pela municipalidade: num determinado espaço geográfico onde havia 4 casas com 4
famílias com no máximo 20 pessoas, passou a ter 200 famílias com 800 pessoas
vivendo neste mesmo espaço, isto sem a menor estrutura necessária!
Gostaria de saber como estas
construtoras conseguem autorização para construir tanto e tão rapidamente...!
Desnecessário dizer que a
capacidade de carga do local pelo numero de pessoas em circulação, da demanda
de energia elétrica, água encanada e esgotos não suporta esta abrupta mudança,
mesmo porque não existem estruturas que aguentem e suportem o aumento da
demanda e do consumo.
O resultado é visto claramente após
uma chuva de verão: os córregos que são muitos em Niterói e que recebem
descargas diretas de esgoto doméstico dos condomínios sem nenhum tratamento
explodem em cataratas de excrementos que deslizam pelas ruas da cidade! Alguns
destes desaguam na praia de Icaraí apelidada por meu sobrinho de “praia do
cocô”.
A rua Dr. Sardinha vira um
lamaçal fétido digno de um “Paris Dakar” e nem os ônibus da viação Araçatuba da
linha 30 andam por ali, tomam outro caminho para chegar a seu destino final.
Se a atual gestão municipal não
investir pesado em obras de infraestrutura e com isso quero dizer, rede de
esgotos e drenagem da chuva, viadutos, túneis visando melhorar a mobilidade
urbana, em muito pouco tempo Niterói entrará em colapso e não se poderá andar
mais de carro pela cidade e, principalmente em sua zona sul, devido às ruas
estreitas e entupidas de carros...
É verdade que a atual gestão
recebeu um legado negativo e pesado e torço para que consigam realizar um bom
trabalho e recolocar Niterói em seu devido lugar, trazendo assim um pouco de
Paz ao destemido espirito de Araribóia e a seus munícipes!
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