Dialogo entre aluno e professor sobre
Patrimônio Cultural.
- “Fessor”, hoje eu e meus amigos
pichamos aquela estátua do anjo que fica na entrada do túnel novo em
Copacabana... sabe colé?
- sim Cazuza, eu sei qual é a estátua! É a
mesma que vira e mexe é vandalizada por pessoas que não tem consciência
coletiva e não respeitam o bem publico! Você devia se envergonhar de realizar
tal ato!
- Mas fessor, tem gente que já
decepou a cabeça dela um zilhão de vezes, já cortou as asas mais umas quantas,
acho que esta estátua está lá para ser zoada mesmo! Hahahaha!!!
- Que coisa mais triste Cazuza! Olha,
senta aqui eu vou te explicar uma coisa. Tudo o que vemos nas ruas e praças de
nossa cidade são bens coletivos, ou seja, pertence a todos nós! Alguns destes
bens têm uma história, um passado que está relacionado com vários aspectos da
formação e da evolução de nossa sociedade como um todo. Se falarmos de uma
igreja que possui 200 anos, nós visualizamos através da própria construção, do
estilo arquitetônico dentro e fora da igreja, o que aquelas pessoas produziram
naquela época e que de certo modo, conseguiram transmitir estes valores,
formas, pensamentos através do tempo até os nossos dias e isto nos mostra como
eles viviam e pensavam e como estes valores influenciam a nossa sociedade
atual. Entende?
- OK fessor, mas me diga uma coisa,
se esse troço que acabou de dizer é verdade, como é que daqui a 200 anos, “os
pessoal” do futuro verão as “gostosas da gaiola das popozudas?”
- Não se diz “os pessoal”, mas sim
“as pessoas”. Não sei ao certo, isto dependerá do impacto e da profundidade que
estas pessoas produziram no consciente coletivo de nossa sociedade atual e se
isto terá desdobramentos para as gerações futuras, ou se cairá no
esquecimento...!
- ih, já vi que o Fessor não é
chegado numa bunda!?
- mas qual é o valor de uma bunda?
- Ih fessor, o sr. tá viajando na
parada...!
- Estou nada, me diga então o que é
um bunda prá você?
- Uma bunda é uma bunda, ora!
- Ok, mas a bunda em questão, o que
ela ou a sua “dona” produziu para a sociedade? Será que foi apenas uma bunda ou
foi uma bunda que deixou um legado pela produção artística da mente que estava
acima dela?
- Fessor, agora o “meu tico e teco”
estão dando nó!!??
- Tudo que o ser humano produz é um
bem coletivo da humanidade, seja uma obra de arte material ou imaterial! Você
por acaso consegue “pegar” uma musica?
- Claro que não!
- Então, mas quando você escuta uma
melodia bonita e agradável e se tiver uma letra que “case” perfeitamente com a
melodia, você escuta várias vezes até gravar a letra e sair cantando não é?
- É sim!!!??? Ainda mais se for do
Claudinho e Buchecha!!!
- Existem musicas que tem 300 anos e
que quando são tocadas causam uma série de sentimentos em quem as escuta,
entende? Isto se diz que é cultura, ou seja, a produção registrada da mente dos
seres humanos que se estende através da linha do tempo, chegando até os nossos
dias e que ainda nos influenciam e emocionam!
- Hum, sei, fala mais Fessor...!
- É importantíssimo guardarmos e
protegermos tudo o que é fundamental para que estes registros não se percam e
assim possamos passar adiante as maravilhas geradas pelos mais variados gêneros
humanos ao longo da historia e em toda a sua gama de criação artística. Lembra-se
da aula de historia, quando vimos as pinturas rupestres na Espanha e na Serra
da Capivara no Piauí?
- Lembro sim, foi quando descobri que
o Piauí existe...
- Estas pinturas na rocha
transmitiram valiosas informações de como vivam aquelas comunidades há milhares
de anos e nós jamais saberíamos disso se elas não tivessem sido protegidas,
catalogadas e estudadas!
- É mesmo, nunca havia pensado desta
forma!
- Então você vai me prometer que
nunca mais vai destruir, quebrar, sujar, partir, pichar e vandalizar nenhum bem
publico, ok?
- Já é Fessor! Mas como é importante
esta coisa do proteger e preservar a nossa identidade não é?!
- É Cazuza, pois como você bem sabe, “o
tempo não para, não para não, não para...!”
Chelo Rezende
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